Grande investidor e um dos grandes mestres, reverenciado pela comunidade dos investidores profissionais é o Howard Marks, co-presidente e fundador da Oak Tree Capital Management e autor de diversos best sellers sobre investimentos, entre cartas e livros.
Howard defende que a bússola de um investidor profissional deve ser calibrada para o longo prazo e apontar os ciclos de mercado. A sua larga experiência nos diz que tentar acertar o ponto certo de entrar ou sair de um investimento a partir da leitura do cenário macro é menos produtivo do que estudar os fatores “micro”, ou o que ele chama de “fatores compreensíveis”, tais como os fundamentos das indústrias, das empresas, do crédito e dos valores mobiliários e entender em que posição de um ciclo econômico estamos.
Ele alerta também, que de nada adianta compreender os fatores micro, sem disciplina no tocante ao preço a pagar para participar das boas oportunidades.
O terceiro ponto de sua cartilha trata do entendimento do ambiente de investimento, para então posicionar estrategicamente os portfólios, com o foco nos próximos anos e não na próxima semana, quinzena, mês ou semestre, balanceando as alocações em função dos riscos apresentados por esse ambiente.
Para ele, “risco é a probabilidade de perda permanente de capital” ou também a “probabilidade de perder ganhos potenciais”. Em suma, sua lógica é uma afronta ao entendimento do investidor comum, que enxerga o risco na volatilidade.
Na visão do “mestre”, a ciência está na calibração do risco, ou seja, “quando for barato devemos ser agressivos, e quando for caro, devemos recuar”, ou seja, onde o amador vê o risco, o “mestre” enxerga a oportunidade, e entender a lógica dos ciclos econômicos é vital para aplicar adequadamente essa lógica.
Investidor, você sabe o que são os ciclos?
O investidor comum tem uma compreensão dos ciclos distorcida. Resolve entrar no mercado comprando quando os preços estão perto da máxima, e resolve sair quando o ciclo de alta já passou. Morgan Housel em seu excelente livro “Psicologia Financeira”, que recomendo a todos, investidores ou não, explica o motivo pelo qual somos sujeitos a esse comportamento, mas isso será tema de outro artigo.
Para Howard Marks, o investidor “médio” possui as seguintes características:
- Não entende a natureza e relevância dos ciclos econômicos
- Não atua no mercado há tempo suficiente, e portanto não viveu muitos ciclos como investidor
- Não estudou a história financeira, portanto não entende as lições dos ciclos anteriores
- Lê o ambiente principalmente a partir de eventos isolados, sem compreender os padrões recorrentes e as causas desses eventos
- Não sabe como ler os ciclos, seus significados e como agir em função dessas informações.
O gráfico acima exemplifica o comportamento dos ciclos e das oportunidades de negócio, e o autor ressalta que o risco não está quando o mercado se torna “depressivo”, mas sim quando se instala o clima de “euforia”. Para ele, “quanto mais se distanciam do ponto médio, os ciclos têm potencial para causar estragos”.
Entendendo os ciclos, a lógica não é comprar na mínima ou vender na máxima, mas sim perto desses pontos em função dos sinais esperados para cada momento do ciclo.
Para quem realmente gosta de investir como um profissional, vale a pena se aprofundar nesse tema. É o que Howard Marks recomenda.
Por: Ricardo Vasques